A CLÍNICA PSICANALÍTICA COMO PROMOTORA DE SAÚDE.
A CLÍNICA PSICANALÍTICA COMO
PROMOTORA DE SAÚDE.
Para a psicanálise, “a ética [...] segue a orientação de cada sujeito e não o que a cultura espera dele, e sim, segundo o que ele próprio é em seu desejo inconsciente” (COSTA, 2009, p. 87/88). “E, o que é mais importante, porque a maneira de fazer o sujeito existir é trazer à cena do tratamento o sujeito do inconsciente que se apresenta por meio de seu sintoma” (FIGUEIREDO, 2004, p. 78).
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"Starry Night"
("A Noite Estrelada") de Van Gogh.
Portanto, para pensarmos na possibilidade de promoção de saúde através da escuta, entenderemos saúde como a capacidade normativa do sujeito. Desta forma, o “tema da saúde pensando na questão do que seria normal ou patológico, percebendo que o uso destes conceitos desde o século XIX, era utilizado para representar a variação de um padrão normativo” (PUTTINI & PEREIRA, 2007, p. 455). Canguilhem aposta na normatividade da vida: “a normatividade indica que a vida estabelece normas para si mesma, ou seja, se autodetermina” (PUTTINI & PEREIRA, 2007, p. 456).
Desta forma: “a vida não é indiferente às condições nas quais ela é possível... é polaridade [...] em resumo, a vida é, de fato, uma atividade normativa” (PUTTINI & PEREIRA, 2007, p. 460). Podemos pensar então, que a vida é regida por forças instituístes, forças criadoras, normativas; forças que promovem a mudança, o sair de um estágio estagnado, cristalizado. Temos que a “normatividade da vida [...] emerge da própria atividade do ser vivo, se manifestando como escolha ou mesmo como intenção consciente” (PUTTINI & PEREIRA, 2007, p. 462).
Para Costa (2009), “Freud observa que é evidente o caráter inevitável do sofrimento” (p.90). O próprio homem cria instituições que não propicia o bem estar, e sim um enquadramento, uma normatização do sujeito, ou seja, proporcionando uma batalha entre constituição psíquica do sujeito e as possibilidades de satisfação, criando um tensionamento constante entre o sujeito e a cultura. Assim, “se a cultura exige do sujeito o sacrifício tanto das tendências sexuais como das tendências agressivas, não nos espanta que ele não possa ser feliz” (COSTA, 2009, p.91).
Frente a isso, então o psicoterapeuta é um promotor de saúde? Pensando que seu papel é construir condições para que o sujeito perceba o que está entre o sonho e a dor. Assim, significando esse espaço produzindo saúde. Portanto, pensar sobre as consequências das relações sociais para as pessoas é necessário e fundamental, pois, é inevitável o sofrimento do homem, sendo que, ele vive em sociedade, e desta forma, reprime suas pulsões. E considerando que, essa relação na vida não permite que os homens alcancem realmente o prazer e a felicidade, e sim o recalcamento de suas pulsões.
Porém, a complexidade das especificidades inerentes ao método psicanalítico como, por exemplo, tornar consciente o que é inconsciente, atuando assim como um decifrador que com seus recursos técnicos é capaz de traduzir e revelar ao sujeito seus desejos. (MACEDO & FALCÃO, 2005). Portanto, caracterizam-se pelas particularidades e também pela diversidade de paradigmas relacionada aos seus conceitos, teorias e métodos de interpretação e intervenção na realidade do sujeito que sofre. Frente a isso a teoria é um alicerce de referência ao psicoterapeuta, devendo sempre ser adotada com a elasticidade que a técnica nos permiti, assim indo tateando e se orientando com a teoria, prática profissional e pela supervisão.
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